O chamado turismo de parto no Brasil tem crescido muito entre mulheres russas e do leste europeu. Por este motivo agências específicas foram criadas para atendê-las. O preço cobrado é de acordo com o tipo de assistência escolhida e gira entorno de US$ 5000 (R$23 mil). O objetivo principal destas gestantes é conseguir a cidadania brasileira para o filho.
A socióloga e professora Svetlana Ruseishvilli (Universidade de São Carlos) explica que o passaporte brasileiro abre mais portas do que o russo. Em artigo sobre o assunto ela diz: “O turismo de parto se tornou uma estratégia para angariar capital migratório, ou seja, elevar as oportunidades de deslocamento internacional”. O passaporte brasileiro dá acesso sem visto a mais de 150 países. Isto o coloca em 20º lugar no ranking sobre o tema, 29 posições à frente da Rússia.
Turismo de parto e Cidadania por nascimento
O “jus soli” – concessão de cidadania apenas pelo nascimento – é comum na América Latina. E o Brasil é um dos mais procurados pelas famílias russas, pois pela lei brasileira os pais também recebem autorização de residência. Além disso, em dois anos podem se naturalizar desde que morem no Brasil e façam uma prova de português.
Advogada russa troca o inverno da Sibéria pelo verão de São Paulo
Alena Tcherepanova, russa, 41 anos, advogada, escolheu São Paulo para ter a sua quarta filha. Logo notou a diferença. “Assim que cheguei, o inchaço diminuiu, minha pele, meu cabelo, minhas unhas, tudo melhorou. Eu não precisava mais usar um monte de roupas como no frio da Rússia, algo muito desagradável para uma gestante”, conta ela.
A filha de Alena, nasceu dia 26 de fevereiro e chama-se Anfisa (nome grego). A menina nasceu pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em uma casa de parto no Jardim Ângela, periferia de São Paulo. Para se comunicar, Alena utiliza um aplicativo de tradução pelo celular. Mesmo assim diz ter ficado muito satisfeita com o atendimento: “Eu estava cercada de carinho, que é o que uma mulher precisa neste momento. Foi muito diferente do que ocorre na Rússia, onde a violência obstétrica infelizmente é muito comum”.
Tcherepanova conta que escreveu duas vezes para pedir informações: “Eles me responderam, mas parecia que não acreditavam que eu iria até lá para dar à luz”. Por fim, um mês e meio depois, voltou para a Rússia com a filha recém nascida com sua certidão de nascimento e passaporte brasileiro.