A polícia do Rio de Janeiro prendeu quatro suspeitos de praticar um golpe de mais de R$ 700 milhões em uma mulher de 82 anos. E para a surpresa de muitos, a filha da vítima foi quem roubou a própria mãe.
Em um apartamento localizado em Ipanema (RJ) havia entre 11 e 16 quadros muito disputados por museus do mundo inteiro. As obras pertenciam à viúva de Jean Boghici, um dos grandes colecionadores de arte do Brasil morto em 2015.
Roubara os quadros há dois anos. Segundo a viúva, as obras avaliam-se em mais de R$ 700 milhões e um deles é o “Sol Poente” de Tarsila do Amaral.
O perito do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, Nilton Taumaturgo, confirmou a autenticidade das obras. “Concluímos nesse exame preliminar que todas as características das telas apreendidas são compatíveis com as telas autênticas”.
A investigação começou quando Geneviève Rose Coll Boghici (82), disse à polícia ter sido vítima de extorsão financeira através de um esquema armado por sua própria filha junto com outras três mulheres que diziam ser videntes.
Como a filha roubou a mãe com a ajuda de videntes
De acordo com a polícia, as “videntes” disseram à viúva que sua filha, Sabine Boghici, estava doente e poderia morrer. Dessa maneira convenceram Geneviève a pagar R$9 milhões por um tratamento espiritual. Tudo isso com a ajuda de Sabine. As três mulheres – Diana, Rosa e Jaqueline Stanesco – são da mesma família. A polícia as conhece bem por aplicarem golpes.
De acordo com os investigadores, ao desconfiar a viúva parou de mandar o dinheiro para as mulheres. Entretanto, a filha começou a ameaçá-la. Inclusive sofreu cárcere privado sem comida. Joias e quadros começaram a desaparecer nesse período: “A filha e a Rosa começaram a levar as obras de arte da casa, alegando que o quadro estava com mau-olhado, com alguma energia negativa, e que precisava ser rezado. Elas foram levando. Então, a idosa vendo aquilo, sabendo que não era nada daquilo… Mas não tinha como recusar. Foram levando e levaram 16 quadros”, contou o delegado Gilberto Ribeiro.
No apartamento de Rosa encontraram-se 11 obras. Era o local onde a suposta vidente recebia os clientes. A mulher tentou fugir, mas foi presa junto com Sabine (filha da vítima) que também estava no local.
Além disso, Sabine havia levado cinco obras para uma galeria de São Paulo. O dono da galeria declarou aos investigadores que conhecia a família Boghici e por isso acreditou em Sabine. Dessa forma, vendeu duas telas para o Museu de Arte Latino Americano de Buenos Aires. Ao tomar conhecimento do golpe devolveu os outros três quadros para a viúva.
Gabriel Nicolau e Jaqueline Stanesco, filho e prima de Rosa, também foram presos. Além disso, Slavko Vuletic e Diana Rosa Stanesco, da mesma família, estão sendo procurados. Todos serão julgados por cárcere privado, extorsão, roubo e associação criminosa.