Recentemente o historiador Leandro Karnal (59) publicou em suas redes sociais uma foto junto com seu companheiro, Vitor Fadul (27). Ele é mais um dos famosos a declararem ser gays na maturidade. “Nunca achei que vida pessoal fosse muito relevante para terceiros… Porém, parece haver um momento em que não declarar pode parecer concordância com preconceitos. Sou uma pessoa feliz! O amor é parte disso.” O casal está junto há quatro anos, segundo o próprio Karnal, que também declara que só confirmou o que grande parte das pessoas já sabia.
O post do famoso virou motivo de chacotas e contestações pelo fato de ter-se declarado gay e estar junto com um homem muito mais jovem. Como sempre, Karnal responde aos comentários com uma grande dose de ironia e inteligência.
Outro famoso que decidiu abordar o tema em uma idade já avançada foi o humorista Luís Fernando Guimarães (73). Em seu livro, lançado no fim de 2022, o ator fala sobre sua homossexualidade: “Nunca existiu esse negócio que falam: ‘Ah, ele saiu do armário’. Armário, gente, que armário? Sempre fui gay, não escondi isso de ninguém a minha vida inteira.”
A primeira vez que falou sobre o assunto publicamente foi em 2015 aos 66 anos.
Além de Leandro Karnal e Luis Fernando Guimarães, outros famosos só declararam ser gays depois de uma certa idade, já na maturidade. Até então não esconderam, só preferiram não falar sobre o assunto.
Como exemplo temos Marco Nanini que, aos 63 anos, em entrevista declarou: “Às vezes, pintam umas namoradas, uns namorados. Namoradas, não. Namorados. Mas, se não pintam, sem problemas. Já vivi o que necessitava viver nessa seara”, disse o Lineu de “A Grande Família”.
O ator Marcos Caruso (70), por exemplo, publicou em sua rede social seu relacionamento com o enfermeiro Marcos Piva, recentemente.
Para os famosos jovens é mais fácil se assumirem gays
Já para os famosos mais jovens, declarar que são gays é algo muito mais simples. Atualmente a aceitação é favorável e tranquila.
Jesuíta Barbosa, Marco Pigossi, Johnny Massaro, Armando Babaioff, Igor Cosso e Irandhir Santos são atores jovens que vivem suas relações homoafetivas muito mais abertamente e em uma sociedade infinitamente mais tolerante. Além disso, tem o apoio dos amigos, da família, em seus ambientes de trabalho e também contam com as organizações de luta contra a homofobia.
Por outro lado, na época em que os atuais veteranos eram jovens, viver a própria homossexualidade poderia significar o fim de suas carreiras. Isso porque, o Brasil era totalmente resistente ao movimento LGBT+. Apesar da desconfiança ou mesmo da certeza de que os galãs poderiam ser gays, público e anunciantes preferiam não aceitá-los nas novelas. Tudo isso piorou ainda mais na década de 1980 com o surgimento da AIDS associada ao comportamento sexual gay. A saber, atores e cantores gays, como Lauro Corona e Cazuza, morreram da doença.
A libertação do ‘segredo’ sobre a própria escolha sexual veio com o tempo e as batalhas travadas por movimentos contra o preconceito e a favor dos direitos dos LGBT+.
Atualmente existe maior conscientização e respeito. Contudo, no Brasil o número de homicídios de homossexuais ainda é um dos maiores do mundo.
Em 2022, o ator Ney Latorraca ficou dois meses internado por causa da Covid-19. A princípio, ao seu lado ficou seu companheiro e assumí-lo publicamente significou amor e gratidão para ambos.
A importância de assumir
Aos 50 anos, o ator e comediante Luís Miranda de fato declarou sua homossexualidade em uma entrevista para o canal “Universo da Cris”: “Toda vez que uma pessoa sai do armário, ela automaticamente ajuda outra a sair de lá também. Alguém que estava maltratado, alguém que estava humilhado, alguém que estava se machucando, alguém que estava ferido. Porque se julga que a posição sexual de alguém pode interferir no crescimento, no rendimento, no trabalho e na sua vida social. Isso não existe. Uma pessoa declaradamente homossexual pode fazer uma cena de beijo heterossexual, pode também fazer uma cena feminina, pode fazer qualquer coisa. Ele é um artista. Isso não tem nada a ver com suas preferências.”
É necessário dizer que no universo gay, os mais velhos são os mais discriminados. Isso porque, ali também existe o culto à eterna juventude. No entanto, o ideal seria que os mais novos soubessem e respirassem o que os mais velhos precisaram passar para que a homossexualidade seja aceita hoje com muito mais tranquilidade e menos preconceito.