Durante o funeral da rainha Elizabeth II, no dia 19 de setembro, o mundo assistiu a uma triste cena que cortou o coração de muitas pessoas. Charlotte, bisneta da rainha, chorou ao ver o caixão da bisavó quando o colocaram no carro que ia ao Castelo de Windsor. A pequena Charlotte, filha do príncipe William e de Kate Middleton, não conteve as lágrimas naquele momento de despedida.
Apesar de o ser humano ser bastante ‘ritualizado’, a morte sempre foi um assunto tabu tanto para adultos quanto para crianças. Porém, diante das crianças, parece que o assunto se agiganta e só conseguimos pensar em como protegê-las. Como se, por ser criança, ela não precisasse passar por isso.
Assim como para Charlotte, segundo a neurocientista comportamental infantil, Telma Abrahão, diante de uma criança, deve-se tratar a morte com naturalidade e sem tabus. “Assim como nascemos, um dia morreremos, mas, infelizmente, ela ainda é tabu para muita gente. A naturalidade para compreender a realidade de que a vida é finita e que nosso corpo envelhece com o passar dos anos faz toda a diferença na hora de falar sobre esse assunto com uma criança”.
Ainda de acordo com a especialista e autora do livro “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”, é muito importante respeitar a idade e o nível de amadurecimento da criança: “Para uma criança pequena podemos usar comparações mais lúdicas, como por exemplo, dizer que assim como a semente cresce, vira uma árvore, dá frutos e depois morre, também acontece com o ser humano. Na verdade, os pais podem falar sobre a natureza dos seres vivos em geral, os animais, as plantas, os seres humanos… Todos nascem, crescem, envelhecem e morrem; é o ciclo natural da vida e isso é lindo de perceber“.
Explicar as causas da morte
Telma Abrahão continua, explicando que falar sobre as causas da morte é importante, porém se foi acidente, é melhor evitar os detalhes: “Podemos ainda dizer que o natural é morrermos quando estivermos bem velhinhos e, então, nosso corpo cansado acaba parando de funcionar, mas que sempre levaremos as pessoas que amamos dentro do nosso coração. Falar sobre o que causou a morte da pessoa também é importante, para evitar que a criança fique com algum sentimento de culpa. Se a morte foi consequência de acidentes ou outras causas violentas evite dar detalhes. Há fatos que não precisam ser informados para a criança, pois ela pode não conseguir assimilar bem“, finaliza.
As mortes na pandemia
Durante os últimos anos, com a pandemia, muitas crianças sofreram com a perda de pessoas próximas e queridas. Portanto, os familiares tiveram que abordar o assunto com suas crianças seja de maneira mais lúdica ou mesmo através de conversas mais sérias.