O Papanicolau é um exame utilizado para identificar o câncer de colo de útero precocemente. Ele foi inventado por George Papanicolau em 1918. No entanto, a comunidade científica da época demorou a aceitá-lo.
Em 1913, George e sua esposa, Mary, emigraram da Grécia para os Estados Unidos. Foram buscar melhores oportunidades de vida e novas possibilidades no campo da ciência. Isso porque, George era um cirurgião e já havia tratado de soldados feridos em batalhas.
Apesar disso, no início tiveram que sobreviver com outros trabalhos.
A sobrinha-neta de George, Olga Stamatiou, contou ao programa BBC Witness que seu tio avô chegou a trabalhar em uma loja de departamentos e a tocar violino em restaurantes. Eles foram vizinhos em Nova York.
Posteriormente, o médico foi aceito para trabalhar como assistente no Departamento de Anatomia da Escola de Medicina da Universidade de Cornell.
Assim, no laboratório, dedicou-se ao estudo das células e seu foco era a prevenção de doenças. Foi dessa maneira que, em 1928, detectou células cancerígenas no colo de útero de uma paciente. Havia inventado o hoje conhecido exame Papanicolau que, certamente, já salvou milhões de vidas de mulheres.
Porém, segundo George, em 1928 a comunidade médica americana rejeitou sua descoberta: “O mundo da ciência não estava interessado em ver o que eu tinha visto“, disse ele.
Outro problema que ele enfrentou foi que os exames íntimos em mulheres não eram bem vistos na época: “Não era elegante, e em alguns casos era considerado mal-educado“, explicou Papanicolau.
A importância da esposa Mary Papanicolau
A ajuda veio de sua esposa, Mary, que durante 20 anos submeteu-se a exames diários de colo de útero. Seu objetivo era ajudar o marido a provar suas pesquisas.
Olga Stamatiou falou sobre a história de amor do casal Papanicolau: “Quando ele se frustrava pela falta de reconhecimento, ela dizia para ele não desistir, para ele não se desviar do caminho. Ela era muito devotada a ele. Era uma mulher muito interessante, sincera e doce ao mesmo tempo.”
George pagava enfermeiras que permitissem o exame, para conseguir mais amostras.
A comunidade científica começou a entender a importância desse tipo de teste quando o cientista, em 1940, publicou um estudo detalhado sobre o exame preventivo. Além disso, o médico fez campanhas junto à associações femininas e sociedades médica para popularizar o exame.
A importância do Pap-test hoje
De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em março deste ano, 81% das mulheres brasileiras entre 25 e 64 anos de idade fizeram o exame Papanicolau alguma vez nos três anos anteriores a 2019. O ideal é que todas as mulheres entre 25 e 59 anos com vida sexual ativa faça o exame uma vez por ano.
Por outro lado, a OMS estima que em 2020, aproximadamente 340 mil mulheres morreram de câncer de colo de útero, a maioria em países pobres. O objetivo da OMS é acabar com esse tipo de câncer através da vacinação de meninas contra o HPV, além de submeter 70% das mulheres do mundo ao exame regular de Papanicolau.
Sem dúvida, a humanidade deve essa conquista ao trabalho incansável do casal George e Mary Papanicolau.
O cientista sempre reconheceu a importância da ajuda de sua esposa. Em entrevistas, ele declarou: “Se consegui conquistar algo útil, foi graças à ajuda e devoção dela. Não acho que teria feito sem ela.”
De acordo com Olga, ela foi agraciada por conhecer pessoas como Mary e George:
“Eles eram pessoas tão bonitas, eram humanitários. Me sinto abençoada por ter conhecido essas pessoas.”