Nascida em São Paulo em 19 de abril de 1923, Lygia Fagundes Telles, grande romancista e contista brasileira, era filha de um advogado e de uma pianista. Durante sua infância, a autora, que morreu no último domingo, morou em muitas cidades do interior paulista – Assis e Itatinga entre outras – devido ao trabalho do pai como promotor público. Sua estréia oficial na literatura brasileira se deu em 1944 com o livro de contos “Praia Viva”. Antes disso, ainda aos quinze anos, ela já havia publicado outro livro de contos, “Porão e Sobrado”. Cronologicamente está ligada à geração de 1944 junto com autores como Carlos Heitor Cony, Dalton Trevisan e Clarice Lispector. Chegou a formar-se em Educação física e Direito, mas indubitavelmente sua grande paixão sempre foi a Literatura.
Lygia, mulher de vanguarda
Sem dúvida, Lygia é considerada uma das melhores escritoras brasileiras. Sempre circulou e esteve presente em todas as rodas literárias de seu tempo e era muito ligada e atenta aos acontecimentos políticos e sociais. Vanguardista, representava o perfil feminino das décadas de 1950 e 1960. Sua obra teve de fato um diálogo muito interessante com a obra de Clarice Lispector. De uma forma inédita até então, as autoras exploraram o universo feminino procurando romper com as barreiras do moralismo social. Além da intensa abordagem feminina, em sua obra sempre abriu espaço para temáticas ligadas à vida nas grandes cidades e seus problemas sociais. Assuntos polêmicos como amor, adultério e drogas sempre estiveram presentes em seu trabalho.
Curiosidade intrigante
Os romances de Lygia Fagundes Telles ganharam ares de literatura realista. Por outro lado, em relação aos contos, ela vai além do real, transcende e deixa clara a influência que teve do autor norte-americano Edgar Allan Poe, conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro. Lygia fusionou o fantástico e o misterioso à realidade do espaço urbano, abarcando em seus contos muitos elementos modernos. Para ter uma ideia deste viés de sua literatura basta ler, por exemplo, “As formigas” e “Venha ver o por do sol”.